O alegre Festival do Meio Outono era celebrado no décimo quinto dia do oitavo mês lunar, por volta da época do equinócio de outono. Muitos se referiram a ela simplesmente como a "Décima Quinta da Oitava Lua".

Este dia também era considerado um festival da colheita, pois frutas, vegetais e grãos já haviam sido colhidos nessa época e a comida era abundante. As oferendas de alimentos eram colocadas em um altar montado no pátio. Maçãs, peras, pêssegos, uvas, romãs, melões, laranjas e pomelos podem ser vistos. Alimentos especiais para o festival incluíam bolos da lua, taro cozido e caltrope d'água, um tipo de castanha d'água semelhante a chifres de búfalo pretos. Algumas pessoas insistiram que o taro cozido fosse incluído porque, no momento da criação, o taro foi o primeiro alimento descoberto à noite ao luar. De todos esses alimentos, não poderia faltar no Festival do Meio Outono.

Os bolos redondos da lua, medindo cerca de três polegadas de diâmetro e uma polegada e meia de espessura, assemelhavam-se aos bolos de frutas ocidentais em sabor e consistência. Estes bolos eram feitos com sementes de melão, sementes de lótus, amêndoas, carnes picadas, pasta de feijão, cascas de laranja e banha. Uma gema dourada de um ovo de pato salgado foi colocada no centro de cada bolo, e a crosta marrom dourada foi decorada com símbolos do festival. Tradicionalmente, treze bolos de lua eram empilhados em uma pirâmide para simbolizar as treze luas de um "ano completo", isto é, doze luas mais uma lua intercalada.
O Festival do Meio Outono é uma época em que os chineses de todo o mundo se reúnem, comem bolos especiais e contemplam a lua cheia.

Embora seja uma ocasião feliz, há uma história comovente que explica como aconteceu.
A lenda chinesa fala do herói Houyi e sua bela esposa Chang'e.
Tal como acontece com muitas lendas, existem relatos diferentes e muitas vezes contraditórios.
Conta-se que Chang'e era uma garota celestial que trabalhava entre fadas e imortais no palácio do Imperador de Jade. Um dia, ela quebrou uma jarra especial de porcelana e foi banida para viver entre os humanos na terra, com a promessa de que poderia voltar se realizasse feitos valiosos ali.
Juntando-se a uma família de fazendeiros, ela conheceu Houyi, um caçador e mestre arqueiro e, eventualmente, eles se casariam.
Mas o mundo dos mortais logo se viu em perigo. O Imperador de Jade teve 10 filhos travessos que se transformaram em 10 sóis, queimando a terra e seu povo. Houyi assumiu a responsabilidade de salvá-los. Usando força incrível e pontaria superior, ele derrubou nove dos sóis e deixou um no céu para que os humanos pudessem aproveitar seu calor e luz.
É aqui, novamente, que os relatos divergem. Uma versão diz que Houyi e Chang'e eram seres celestiais e que um imperador vingativo os condenou a viver na Terra como mortais depois disso. Houyi desejava evitar a morte, então adquiriu um elixir que conferiria a imortalidade. Ele foi avisado para beber apenas metade da poção e raciocinou que sua esposa poderia beber o resto.
Em um relato da lenda, um amigo ganancioso de Houyi chamado Peng Meng tentou obter a fórmula para si mesmo, mas Chang'e não permitiu e bebeu tudo. Outro afirma que Chang'e não resistiu à imortalidade e a consumiu ela mesma.
Seja como for que você interprete a lenda, acabou descobrindo que o corpo de Chang'e tornou-se leve e ela voou por uma janela até a lua, deixando o marido sozinho na Terra.
Em uma noite clara, Houyi viu Chang'e na lua, chamou por ela e até tentou derrubá-la, mas era tarde demais.
Agora uma deusa lunar, Chang'e estava condenada a ficar separada de seu marido para sempre. Houyi homenageou sua esposa arrumando uma mesa com incenso, carnes e frutas que ela adorava. A tradição de fazer sacrifícios à lua continuou através dos tempos, desde a Dinastia Zhou Ocidental (1045 a 770 aC) em diante.
E assim é hoje, que chineses de todo o mundo se encontram do lado de fora, comem juntos e contemplam uma lua cheia, como os ancestrais lendários e históricos que vieram antes.